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IFRO utiliza impressora 3D para auxiliar no combate à pandemia

Equipamento serve para fabricação de até 100 insumos hospitalares por dia

por Gabryel Biavatti e Maelly Nunes

Itens como face shield e laringoscópio são alguns dos materiais produzidos pela impressora. Ela passou a ser utilizada na fabricação de insumos hospitalares através do projeto Materiais e Dispositivos Elétricos (MADE), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO). Essa foi uma das pesquisas iniciadas durante a pandemia com o objetivo de colaborar no combate à COVID-19.

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Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como face shield, eram utilizados antes da pandemia apenas em cirurgias ou procedimentos com alto risco de contaminação. Atualmente, a maior parte de profissionais da saúde usa para qualquer tipo de atendimento. Já o laringoscópio é um instrumento para a intubação de pacientes. “Alguns dos materiais acabaram sendo utilizados até para treinamento de profissionais”, explica o professor do IFRO e membro do projeto, José Forte.

Os hospitais brasileiros passaram por uma alta procura de EPI, logo no início da pandemia. Como ninguém estava preparado, as máscaras e luvas começaram a faltar e profissionais de saúde passaram a fazer denúncias sobre o reaproveitamento desses materiais de proteção. Um caso que ganhou repercussão nacional aconteceu no Distrito Federal.

Por conta dessas dificuldades, projetos científicos como os do IFRO passaram a ser desenvolvidos para auxiliar no combate ao novo coronavírus. A instituição já tinha experiência na produção de impressão 3D na área de saúde, desde antes da pandemia. Próteses e órteses eram desenvolvidas para os pacientes do Hospital Santa Marcelina, em Porto Velho.

Esse histórico facilitou a adaptação para impressão de novas EPIs. A produção de face shields iniciou com no máximo 16 por dia. Segundo Forte, a aquisição de uma máquina de corte a laser permitiu que fizessem diariamente até 100 materiais.

Impressoras 3D utilizada no IFRO. Fonte: MADE

Os materiais utilizados para a produção de insumos demonstraram pouca resistência ao calor. Essa baixa durabilidade compromete o andamento das impressões, segundo Fernando Helena, professor do IFRO e coordenador do projeto. A esterilização seria afetada por esse problema, pois é realizada em alta temperatura e danificaria as válvulas feitas com nylon e policarbonato.

Na necessidade do momento, ela se mostrou útil e muito vantajosa. Mas, cabe a nós, em um momento mais calmo e longe desta pandemia tentar obter alguma tecnologia que seja mais resistente. Essa é uma pesquisa mais complexa”, revela Helena.

Para impressão de insumos, as peças são desenhadas em um software para desenvolvimento, modelagem e ajuste. O sistema pede especificações, como: tamanho, temperatura utilizada, tipo do material e velocidade. É possível acompanhar a preparação para a impressão de um conector em formato H, no vídeo abaixo. Neste caso, foi necessário um suporte, pois a máquina não realiza a impressão fora de uma superfície.

Após o desenvolvimento da peça no software, o arquivo é enviado para a impressora. Uma peça como esse conector em formato H leva no mínimo 3h para ficar pronto. O professor José Forte explica e apresenta o funcionamento da impressora 3D, no vídeo abaixo.

INVESTIMENTOS PARA PESQUISA

Em 2019, R$213 mil foi o valor do investimento em pesquisas no campus de Porto Velho do IFRO. Já em 2020, com a pandemia, ele subiu quase 700%, somando aproximadamente R$1,5 milhão. Mais de 10 projetos foram para o enfrentamento da COVID-19, com um investimento de praticamente R$ 360 mil, de acordo com o Departamento de Pesquisas, Inovação e Pós-Graduação do IFRO.

Esse aumento no investimento foi essencial para encontrar soluções mais ágeis e eficazes para o enfrentamento do novo coronavírus. Ele possibilitou contratar mais profissionais especializados, adquirir novos equipamentos, comprar insumos e investir em novos laboratórios. Os materiais comprados para a fabricação dos insumos hospitalares já foram utilizados. Todos os profissionais que se envolveram no projeto para a colaboração no combate à pandemia estão retornando para suas antigas áreas de pesquisas.

O aluno do IFRO e voluntário do projeto, Rafael Pissinati, concorda que em momentos de crise é essencial um investimento maior em pesquisas. “Sem a pesquisa não tem avanço, e sem o avanço não tem como descobrir novas formas de combater a crise”, diz.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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