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Festivais de música evidenciam desigualdade de gênero nas apresentações

por Ana Duzanowski

Os grandes festivais de música são uma parte fundamental da cultura musical global. Durante décadas, esses eventos reuniram artistas talentosos e apreciadores em um cenário de celebração e identificação. Mas uma questão persistente tem dominado as discussões sobre os festivais: a falta de representação das mulheres nos line-ups.

Como uma alternativa de dar voz às artistas mulheres, nasce o Sonora – Festival Internacional de Compositoras em 2016, por iniciativa de uma cantora de Minas Gerais. Ela viu a necessidade de um espaço para as mulheres na música, porque há uma discrepância entre a quantidade de homens e mulheres em festivais, sempre existindo mais homens.

A arte sempre fez parte de mim e ser artista Norte é, muita vez, trabalhar dobrado, correr duas vezes mais”, relatou Gabriê, artista de Porto Velho.

 

Em Porto Velho, o Festival Sonora teve sua edição em 2019, antes da pandemia da covid-19, com o foco nas artistas porto-velhenses e em suas artes. “O objetivo do Sonora é fomentar a cultura feminina, botando sempre em evidências essas artistas mulheres que, muitas vezes, não são ouvidas, não têm oportunidades”, contou Izabela Lima, produtora sonora em Porto Velho.

Ser artista mulher já um papel difícil e de resistência, e ser artista no Norte acaba sendo mais difícil, por isso, a importância de apoiar nossos artistas locais, em shows e pequenas mostras de arte. O próximo Festival Sonora está previsto para 2024, mais uma vez, sendo um espaço dedicado para mulheres artistas e, somente, mulheres artistas de Rondônia.

MULHERES NOS GRANDES FESTIVAIS

No Brasil, dos 10 maiores festivais de música, artistas mulheres representam apenas 20,8% das atrações que se apresentaram em 2017. Em muitas das bandas, havia uma única mulher, e dentro desses 20,8% também estão grupos assim, considerando que uma única mulher no palco é um ato de resistência. O Rock in Rio, o maior dos festivais, o Lollapalooza Brasil e o Psicodália seguem a lógica nacional, com aproximadamente 20% cada um de musicistas mulheres em seus shows no ano 2016. Já no Coala Festival a situação é um pouco melhor, 27% de suas atrações foram mulheres em 2017.

A desigualdade de gênero nos festivais de música pode ser rastreada até as estruturas de poder da indústria musical, que historicamente favoreceram os homens. Isso se traduz em menos oportunidades para mulheres na criação, produção e promoção de música. Além disso, estereótipos de gênero arraigados têm perpetuado a ideia de que os artistas masculinos são mais “adequados” para os palcos dos festivais.

Essa falta de representatividade feminina não é apenas uma questão de equidade, mas também tem implicações culturais e artísticas. Ela limita a diversidade de perspectivas e estilos musicais nos eventos, privando o público da oportunidade de experimentar uma gama mais ampla de vozes e sons.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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