Opinião/LiteraturaTransporte público

Universitária adere à bicicleta por falta de transporte público*

por Jessica Meireles e Thaís Rivero

Todos os dias é a mesma rotina, saio de casa às 18h40 para chegar na faculdade às 19h. Atravesso a cidade de bicicleta, mas dependendo do trânsito. Tenho que sair mais cedo, ou acabo chegando atrasada. Eu estudo na UNIR e moro no Jardim América.

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Daiana realiza diariamente o trajeto da sua casa até a universidade. Vídeo: Jessica Meireles e Thaís Rivero

Em meu caminho, encontro dificuldades, como a falta de uma passarela na BR 364 que auxilie o ciclista e o pedestre a atravessá-la. Em alguns horários, a via fica muito movimentada, como aquele em que vou à universidade. Corro, diariamente, o risco de ser atropelada. A rotatória é horrível, os motoristas não respeitam os ciclistas, o que aumentam as chances de acontecer um acidente.

Outros problemas são a falta de segurança e de iluminação. Vilhena está cada dia mais perigosa. No meu trajeto, há dois grandes buracos perto da BR, que são capazes de esconder uma pessoa. Sempre fico preocupada ao passar por lá. A aula acaba às 22h30 e muitos lugares por onde passo não existe nenhuma iluminação. Tenho medo de ser assaltada e, por ser mulher, de ser abusada sexualmente.

Eu faço parte de um projeto de extensão, e tenho obrigação de estar alguns dias à tarde. Como o trajeto é longo, fico na universidade até o final da aula à noite. Às vezes, não consigo ir por conta da chuva, ou sou surpreendida por ela e chego encharcada na faculdade, durante a ida, ou em casa, após as aulas. Por vezes, também ocorrem alguns problemas com a bicicleta, como a corrente cair, o pneu furar. Já fiquei diversas vezes no meio da rua e tive que descer e empurrá-la por todo o caminho.

A minha vida seria muito mais fácil se um ônibus passasse no meu bairro e funcionasse à noite com uma linha que vai até a universidade. Isso evitaria a maioria dos problemas que enfrento. Ajudaria muito os universitários que não tem condições de ter qualquer transporte próprio ou de pagar por um privado.

* Texto baseado no cotidiano e na entrevista de Daiana Silva, de 21 anos, aluna do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). A história exemplifica a realidade de diversos estudantes de Vilhena, que possuem a bicicleta como meio de transporte.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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