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ALERTA DE FUMAÇA: queimadas aumentam problemas respiratórios em Porto Velho

por Mylla Pereira

Mais de 5 mil atendimentos de doenças respiratórias foram registrados entre julho e setembro de 2022 nas unidades municipais de saúde de Porto Velho, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA). Em 2023, a situação não está melhor. Os casos seguem aumentando devido ao período seco e à intensificação das queimadas que acabam agravando doenças respiratórias, como asma, bronquite e rinite.

Muitas pessoas sentem os problemas provocados pela fumaça que encobre o céu da cidade e dificulta a realização de atividades básicas. As queixas mais comuns são dor e ardência na garganta, tosse seca, cansaço, espirros, vermelhidão nos olhos e coceira no nariz, de acordo com a médica otorrinolaringologista com atuação em alergia, Ylen Grangeiro.

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Wagner do Nascimento foi diagnosticado com asma aos quatro anos de idade e por quase 4 décadas convive com os sintomas diariamente. A sua última grave crise aconteceu no mês de agosto de 2023. Aos 42 anos, ele conta que a fumaça somada ao tempo instável acaba piorando os sintomas todos os anos.

Desde criança sofro com a asma, que eu me lembre foi aos 4 anos de idade que tive o diagnóstico. Era muita falta de ar, eu sentia que tinha que fazer força para respirar”, disse o eletricista, Wagner do Nascimento.

Uma situação semelhante acontece com Angélica do Nascimento, de 8 anos, filha do Wagner, que desde o primeiro ano de vida foi diagnosticada com bronquite asmática. “Até a gente descobrir [a doença], passamos por uma série de atendimentos. Com sete meses de idade, Angélica teve pneumonia, foram feitos diversos exames. Algum tempo depois ela começou a ter mais crises e assim chegamos a conclusão que era a bronquite asmática, que nem o Wagner”, explicou a mãe da Angélica, Clair do Nascimento.

O eletricista leva uma rotina de atividades ao ar livre e explica que o contato direto com o tempo instável da capital é um dos principais motivos para que as crises asmáticas se desenvolvam. “Meu trabalho é insalubre, sou eletricista e fico exposto às mudanças do tempo. Uma hora está aquele sol forte e muita fumaça, depois começa a chuva. Isso é prejudicial para minha saúde. No ano passado, em 2022, tive uma crise e fiquei duas noites sem conseguir dormir com falta de ar”, explicou.

A sua última crise iniciou durante o horário de trabalho e Wagner precisou ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O tratamento durou cerca de uma hora, com medicamento intravenoso e inalação com medicamentos específicos.

Já os sintomas sentidos por Angélica são intensificados devido ao tempo seco e ao aumento da fumaça em Porto Velho, nos meses de junho a setembro de cada ano. “Ela reclama sempre. Começa com a tosse, garganta seca e nariz escorrendo. Os sintomas parecem com de gripe, mas a gente já sabe que não é. Essa fumaça deixa tudo bem difícil”, conta a mãe.

POR QUE A FUMAÇA É PREJUDICIAL À SAÚDE ?

Criança com tosses fortes. Fonte: Freepick
Criança com tosses fortes. Fonte: Freepick

O mais perigoso da fumaça são as partículas de compostos químicos, que acabam sendo inaladas e percorrem o sistema respiratório, atingindo os alvéolos pulmonares e chegando até a corrente sanguínea. E os dois grupos que mais sofrem são as crianças e os idosos.

“A população mais afetada acaba sendo crianças menores de cinco anos e os idosos. No entanto, cada vez mais podemos perceber a intensificação do número de casos em adultos. Esses aumentos já são previstos e acontecem sempre entre os meses de julho a setembro”, disse a médica Ylen Grangeiro, do Centro de Especialidades Médicas .

Mais de 270 casos de internação foram registrados entre julho e dezembro de 2022, no Hospital Cosme e Damião, em Porto Velho. Em relação aos atendimentos de emergência, foram identificados mais de 400 casos neste semestre.

Luiz Henrique, de 29 anos, foi diagnosticado aos 18 com bronquite asmática, rinite e sinusite. Até o momento, ele não precisou ir para o hospital por conta da fumaça, mas conta que os sintomas sempre intensificam entre julho e setembro.

A fumaça e esse tempo seco pioram a rinite, principalmente. Ainda mais aqui na região que além da fumaça costuma ter muita poeira. Tenho muita coriza, nariz resseca bastante e tenho muitos espirros, enfim situações que às vezes se assemelham até a uma gripe”, contou.

Para não piorar, ele explica que é fundamental manter o ambiente em que convive limpo e arejado, tendo como prioridade perservar os ambientes com uma boa umidade e livres de poeira. “Tento sempre manter o ambiente bem limpo e a noite uso o umidificador de ar pra ajudar a dormir melhor”, disse o diretor de imagem, Luiz Henrique.

A alternativa encontrada pela família do Wagner foi bem semelhante, além de seguirem o tratamento indicado pelos médicos, intensificam os cuidados em casa. “Lá em casa não tem cortina, não tem tapete, nem coisas nos armários ou estantes para não acumular poeira. O ar condicionado é sempre limpo, tiramos a tela toda semana para limpar e a casa sempre tirando o pó e cuidando para ficar limpa”, explica Clair do Nascimento.

Assim como a família do Wagner e o Luiz, a população também pode adotar alguns cuidados para evitar os prejuízos para a saúde neste período de baixa umidade do ar e intensificação das queimadas. Evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia e aumentar a ingestão de água estão entre as principais ações.

Mais de 30 Unidades Básicas de Saúde (UBS) existem em Porto Velho e elas devem ser procuradas na apresentação dos sintomas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA). Em caso de intensificação, a população deve ir até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde serão encaminhados para tratamentos e exames.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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